13. A MELHOR COZINHEIRA
Já era noite avançada. Um homem bateu à porta de uma casa na roça. Estava cansado de tanto andar, e com o estômago roído de fome. Queria um prato de comida.
A dona da casa, uma pobre viúva, fez o que pode no momento: Sopa de fubá com alguma verdura no meio.
- Que sopa deliciosa, repetia a cada colherada.
No fim pediu a receita, agradeceu e saiu, pois tinha que chegar ainda aquela noite à sua casa.
No dia seguinte pediu à esposa que fizesse uma janta conforme aquela receita. Ela seguiu a receita direitinho. Acrescentou ainda alguns ovos para melhorar o tempero. Mas ele:
- Mulher, você seguiu a receita direitinho?
- Sim! Sem tirar nem por.
- Falta alguma coisa, porém.
- Faltou o apetite, homem. Você não está com a fome de lobo que tinha ontem.
Palavra de vida: A fome é a melhor cozinheira. Prezada dona de casa! Se algum hóspede tomar sua refeição com apetite exagerado, pense com humildade: Deve ser fome canina...
14. SÓ FORNECEMOS A SEMENTE
Um rapaz ia passando pela rua movimentada de uma cidade, quando sua curiosidade foi despertada por um loja de visual diferente: Vitrine cheia de pacotinhos e um anjo no balcão. Entrou e perguntou:
- Meu bom anjo, o que vocês fornecem aqui?
- Tudo de bom que você desejar.
- Se for assim, tenho muito a pedir. Peço tantas gramas de amor; outras tantas de paz; muitas gramas de fidelidade nas famílias; muitas outras de moralidade na vida social; muitíssimas gramas de fraternidade para todos...
O anjo achou bom interromper a ladainha de pedidos para dar uma explicação:
- Um momento! Explico-me para evitar equívocos. Aqui não fornecemos o produto, isto é, os frutos, mas somente as sementes.
Palavra de vida: A semente é a Palavra de Deus...(Lc 8,11) Deus entra com a semente e nós com os braços.
15. QUANDO AMANHECE O DIA?
Um rabino perguntou ao seu discípulo numa reunião de culto:
- Você sabe dizer quando é que acaba a noite e começa o dia?
Quase sorrindo diante dessa pergunta aparentemente ingênua, respondeu:
- Ora, Mestre, é muito simples. Quando os primeiros raios da aurora começam a clarear o horizonte...
- Só isto?
- Quando já se puder distinguir entre o vulto de um arbusto e de uma pessoa...
- O que mais?
- Quando...
O rapaz começou a titubear. O semblante do rabino continuava interrogador. Ele completou:
- A noite cede lugar ao dia quando a gente consegue ver a imagem do irmão no rosto dos outros. Mais ainda: Quando a gente percebe no irmão a imagem de Jesus. Enquanto não enxergarmos no próximo a imagem do irmão e do Cristo, ainda é noite dentro de nós.
Palavra de vida: Caríssimos, se Deus assim nos amou, devemos amar-nos uns aos outros...(1Jo,4-11)
16. CONFISSÃO E PERDÃO
Este fato mudou a vida de Gandhi, famoso lutador pela paz. Ele mesmo contou:
- Eu tinha 15 anos quando pratiquei um roubo. Peguei uma pulseira de ouro na loja do meu pai a fim de pagar uma dívida. Depois senti arrependimento e remorso. A culpa foi pesando na consciência. Queria contar ao meu pai, mas sentia vergonha. Precisava contar, mas faltava coragem.
Se guardasse a culpa comigo, meu coração iria explodir. Achei finalmente uma saída. Fiz minha confissão por escrito. Eu tremia ao entregar-lhe o bilhete.
Meu pai leu atento, rasgou calmamente o papel e me disse num tom paternal:
- Está bem, meu filho.
Depois me tomou pelo braço, como que concretizando o perdão naquele gesto amigo. Daquele dia em diante comecei a gostar ainda mais do meu pai.
Palavra de vida: Vou partir em busca do meu pai e lhe direi: “Pai, pequei contra o céu e contra ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho...”. Ainda longe, o pai o viu e, comovido correu ao seu encontro e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos... (Lc 15, 18-20)
17. A MORTE DO ASTRÔNOMO
Era uma vez um professor de astronomia que tinha verdadeira paixão pelos astros. Passava noites inteiras a estudar as estrelas, quer no telescópio, quer a olho nu. Esquecia-se até de comer. Vivia, como se diz, no mundo da lua.
Uma tarde saiu apressadamente para dar sua aula. Estava atrasado, mas nem por isso despregava os olhos das estrelas. Ao atravessar uma pontezinha estreita e sem corrimão, caiu no riacho com livros, óculos e tudo. Debatia-se desesperadamente. Mas mesmo se debatendo, é bem capaz que continuasse espiando para as estrelas.
Não havia ninguém para acudi-lo. Morreu e foi sepultado com todas as honras de um cientista. Não faltaram os discursos ao pé do túmulo. Um homem do povo, enquanto ouvia as belas tiradas oratórias, cochichou para o seu vizinho:
- De que lhe serviu tanta sabedoria? Teria sido melhor para ele se tivesse aprendido a atravessar uma ponte sem corrimão.
Palavra de vida: O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a vida e a alma...? (Mt 16,26)
18. DE MÃOS VAZIAS?
Uma jovem está agonizando. Rodeiam-na parentes e amigos, todos chorosos. Já não consegue falar mais. Entretanto conserva lúcida a consciência.
Parece que tem alguma coisa para dizer, mas não consegue transmitir. Será um pedido? Um desabafo? Todos fixam os olhos nela, numa crescente ansiedade.
Por fim, num esforço supremo, a moça estende os braços, abre as mãos e as conserva bem abertas e espalmadas, enquanto olha para o céu.
Parece que entenderam o sentido daquele gesto. Olhando para o céu com as mãos espalmadas, ela parecia dizer: Como comparecerei diante do meu Deus de mãos vazias?
Ela pensava não ter feito nada de útil durante sua curta existência. Felizmente era um temor infundado, pois tivera uma vida de muita doação.
Palavra de vida: Não comparecerás diante de Mim de mãos vazias (Dt 16,16)
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